Nuno Marques disputou o torneio de Wimbledon em 1995 usando um pólo com o logótipo do All England Tennis and Croquet Club, uma vez que o pólo com que se apresentou não era regulamentar por não ser completamente branco atrás.
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A Comunicação Social e o Ténis
2009-04-15 11:04:00
Na sequência da crónica do jornalista e Redactor Principal do jornal Record, Norberto Santos, publicada no site Bolamarela com o título "A Comunicação e o Ténis e por em parte discordar, não quis deixar de ali expôr o meu pensamento, sob a forma de comentário, que aqui deixo transcrito.
Norberto Santos, deixa-nos aqui preciosamente, uma radiografia da cobertura da modalidade no pós Nadal-Frederico, na área audovisual e escrita. Contudo ainda não tenho a memória curta. Sou há muitos anos(25) sorvedor de informação noticiosa de tudo o que diz respeito ao ténis nacional e internacional. Não leio(agora) regularmente jornais diários, mas quando os lia, não encontrava notícias diáriamente, se bem que todos os dias se realizassem competições. Foi precisamente a blogosfera que me permitiu em tempo util(também) saciar a minha curiosidade em relação aos resultados e carreiras dos nossos tenistas profissionais e não só. Na sequência deixei de procurar os jornais diários desportivos, embora os consulte sempre que tenho conhecimento de alguma reportagem ali publicada e muito me apraz nessas ocasiões constatar que o ténis poderá chegar ao grande público.
Posto isto, e não pretendendo desmentir o Norberto, tenho no entanto uma opinião algo divergente.
- O ténis não tem um AMPLO espaço na comunicação social, teria se fosse semelhante ao do futebol, a situação é compreensível, mas não é de forma nenhuma injusto a ambição de chegar mais longe. Injusto seria pretender retirar o protagonismo ao futebol, apenas queremos partilhá-lo o mais possível. O ténis normalmente só por mérito excepcional, surge como notícia de relevo, situação que se pretende seja alterada. Eu sei que outras modalidades têm também pouca expressão mediática, mas cada um sabe de si e nós puxamos a brasa à nossa sardinha.
- Como não sou leitor do Público e D. Notícias não sei quem são os respectivos colaboradores, mas congratulo-me por existir alguém identificado com a modalidade a quem se possa recorrer e sensibilizar numa maior divulgação da modalidade.
- Registo também com agrado ,a disponibilidade do Expresso e Sol em promover o ténis através dos nossos tenistas de topo.
- Os jornais desportivos poderiam fazer algo mais, mas também reconheço que talvez precisem de um empurrãozito.
- É verdade que o Eurospot e Sport TV (não todas as estações) transmitem horas e horas de ténis, mas também não deixa de ser verdade que nem toda a gente tem acesso a esses canais. Constata-se que as outras estações nacionais raramente transmitem ou noticiam ténis à excepção da RTP 2 (+/- 15h/ano).
- O Jornal do Ténis e principalmente a Protenis, são duas publicações que visam essencialmente o adepto e têm um espaço muito próprio e específico, não sendo este o público alvo a atingir.
- Os sites e blogs no que à satisfação do adepto diz respeito vieram preencher uma grande lacuna que existia na imprensa diária e que continua a existir se compararmos a quantidade de informação que é veiculada num lado e no outro.
A realidade é que as manifestações de descontentamento, quanto à precária divulgação da modalidade, reflectem o sentimento de congregar e partilhar noutra amplitude, o dia a dia de uma modalidade também apaixonante. As coisas não são simplesmente como são, na minha opinião, são como as fazemos e temos a capacidade de as transformar. A satisfação é um passo para a monotonia e impeditiva do progresso.
A VERDADE é que o ténis (tal como outras modalidades) dispõe de pouco espaço, ainda que muitos pensem que tem o espaço suficiente.
Recentemente com o crescente aparecimento de vários jovens que começam a brilhar ao longo do desenvolvimento do PNDT(Plano Nacional de Detecção de Talentos), alguns pais avaliando a possibilidade dos filhos tentarem um processo de treino que os colocasse no caminho do profissionalismo, debutaram comentários insinuando a necessidade urgente da construção de uma infraestrutura que proporcionasse as necessárias condições, amenizando os encargos de tamanha aventura. A construção do Centro Nacional de Treino deveria então reunir talvez a unanimidade dos agentes do ténis, adeptos e jogadores. Também concordo que a existir apenas um, deveria ser no Jamor pelas razões expostas pelo técnico Pedro Lhorca e passo a citar"sendo um local que vive e respira ténis/desporto, com várias modalidades a dar actividade diária ao enorme complexo e com a Faculdade de Motricidade Humana, que tanta ajuda tem dado e pode dar ao ténis". É óbvio que o Centro só avança se reunir o consenso de várias entidades. Portanto, parece-me fundamental que a primeira iniciativa deverá ser a elaboração de um projecto(se é que ainda não existe), no qual se vislumbre a viabilidade do mesmo bem como as possibilidades de acesso de cada jogador, que condições são oferecidas, respectivos encargos e objectivos que condicionam a continuidade de utilização do Centro.
Seria necessário por exemplo, que o projecto contemplasse para além das vertentes técnica e logística, informação sobre:
- Idades
- Condições de estadia
- Horários de treino
- Horário Escolar (que escolas?)
- Horário de visitas
- Encargos
-Condições de acesso
- Etc, etc...
Não existindo este projecto que ESPECIFIQUE a FORMA DE FUNCIONAMENTO e COMO se pretende atingir objectivos, não há nada para apresentar para discussão, avaliação e decisão a quem de direito. Este projecto/objectivo congregará assim as vontades de uma grande parte dos agentes que de forma mais apaixonada vivem e se envolvem na modalidade.
Tenista é aquele que acorda de manhã e olha logo para o céu para ver se pode jogar.
Tenista é aquele que cuida da sua raquete como se fosse a sua jóia.
Tenista é aquele que bate dois minutos e quer começar logo o jogo.
Tenista é aquele que olha para o lado depois de fazer um winner, para ver quantos viram a jogada.
Tenista é aquele que sabe que uma boa raquete e equipamento bonito fazem parte do jogo psicológico quando entra em campo.
Tenista é aquele que bate com a cabeça da raquete no calcanhar para tirar o excesso de terra.
Tenista é o que tem o primeiro serviço fortíssimo, quer entre ou não.
Tenista é o que bate sempre forte e odeia o jogo de balão.
Tenista é o que diz c`mon com os dentes cerrados e o semblante carrancudo.
Tenista é aquele que joga com vento, com chuva e trovoada e que fica furioso quando tem de sair do campo antes de acabar o jogo.
Tem sido frequentemente apontado à Federação Portuguesa de Ténis a ausência de dinamismo no fomento da modalidade, argumentando-se em defesa daquele organismo a falta de dinheiro para dar cumprimento a alguns projectos que existiriam em "stand by" aguardando uma situação económica mais favorável.
Precisamente com o objectivo de fortalecer os cofres federativos (com receita das licenças) foi lançada a campanha "Federa-te", só que, o processo de filiação não é fácil, porquanto encerra alguns obstáculos que passo a descrever:
- É obrigatório obter um atestado médico, que no mínimo custa 25 euros e que muitas vezes não é mais que uma declaração médica de duvidosa avaliação física.
- O praticante é obrigado a pagar seguro, quando na maioria dos casos ou já está segurado ou beneficia do seguro da respectiva instalação desportiva.
- O custo da taxa, para uma pessoa que não está mínimamente interessada em se federar, poder-se-á considerar alto.
Concluindo, considero que as intenções da Federação (que enalteço), apenas serão alcançadas apelando à benemerência do praticante e à cumplicidade dos clubes na causa em questão. A Federação deve ter o cuidado de não impôr condições nem optar por um discurso hostil e agressivo se quer atrair estes pequenos investidores, mas sim sensibilizá-los e inclusive (muito importante) apresentar/divulgar de vez os projectos que quer implementar, porque só assim recuperará alguma credibilidade assumida na gestão dos recursos federativos.
Pela minha minha parte, comprometo-me a filiar todos os praticantes do meu clube (80), caso as condições e custos de filiação sejam apelativos(3 euros?), e por exemplo nada me impediria de filiar o meu avô que não é praticante mas é adepto, solidário e benemérito.
Não se iludam aqueles que pensam que pelo facto de presentemente existirem dois jovens bem colocados nos rankings juvenis ITF e realizando algumas boas prestações nas provas juvenis internacionais, que seguramente teremos o futuro do nosso ténis garantido.
Os bons resultados e brilhantes exibições que vêem realizando, poderão eventualmente não ter a mesma frequência no circuito ATP e WTA onde a luta por um lugar mesmo para o top 200 é dura e plena de sacrifícios. Sabe-se por exemplo, que nos países mais desenvolvidos na modalidade, que por cada jogador que entra no top 100, cerca de cinquenta de valor semelhante ficam para trás lutando em Futures e Challengers eternamente. Registe-se que em Portugal neste momento, existem " apenas" cerca de uma dúzia de jovens distribuídos por quatro escalões a competir internacionalmente, em muitos outros países são dez vezes mais.
Teremos de ter sempre presente que a precocidade que estes jovens exibem e o talento que obviamente se lhes reconhece poderá não ser suficiente para atingir níveis alcançados por jogadores como por exemplo : N. Djokovic (19 anos/5ºATP); A. Murray (19 anos/10º ATP); J. Martin Del Potro (18 anos/60ºATP); N. Vaidisova (17 anos/7ª WTA); A. Chakvetadze (19 anos/10ª WTA); A. Ivanovic (19 anos/8ª WTA), e consequentemente considero um erro crasso concentrar todos os esforços apenas no desenvolvimento destes atletas, negligenciando outras áreas nomeadamente a massificação do ténis e as vias que conduziriam à sua consumação.
Não é correcto pensarmos que um atleta (ainda que top 100) irá mudar ou tornar o nosso ténis uma modalidade de alto nínel (porque afinal já tivemos o Nuno Marques, mas continuamos na mó de baixo). Como é sabido, existem vários factores (além dos técnicos) que influem no desenvolvimento de um jogador à medida que vai crescendo, dotando-o de condições físicas e mentais que lhe permitam afirmar-se como jogador profissional de médio/alto nível. Embora subjectivamente, considero por exemplo que se um tenista não evoluir em termos físicos adquirindo estatura e índices de força compatíveis com o ténis profissional difícilmente terá hipóteses de singrar, apesar de eventualmente ser um poço de talento. Regra geral (salvo raras excepções) os tenistas de top são de grande estatura e ou dotados de elevados índices no capítulo da força. Face a estes requesitos, seria importante que não houvesse só um ou dois talentos, mas vários, altos e baixos, fortes e menos fortes. É nesse sentido que urge trabalhar.
Tenho perfeita consciência de que não estou a dizer nada de novo, qualquer técnico devotado ao ténis tem noção de todos estes condicionalismos, mas a diferença é talvez, o sentimento de comodismo e marasmo que sinto pairar no ar, supondo que ninguém questiona as entidades responsáveis sobre o trabalho desenvolvido e projectos a realizar. Creio que todos se focam na procura do tal diamante por lapidar, e aqueles que crêem tê-lo encontrado sentem-se realizados. Andam a tapar o Sol com a peneira, mas senhores, a cegueira continua!
Ao ler o artigo de opinião Fomentar o Ténis que se encontra no site da Federação Portuguesa de Ténis, não pude deixar de constatar algumas interrogações que aquele artigo me suscitou e que passo a descrever:
- Quando o autor se refere à Geração Espontânea e diz muito bem " que o melhor marketing para o desenvolvimento de uma modalidade é sem dúvida o aparecimento de um atleta de excepção", tambem concordo, mas se ele não aparecer como é o caso há já vinte anos ( Nuno Marques ), não podemos ficar eternamente à espera sem nada fazer para fomentar a modalidade. Creio portanto que há que dinamizar actividades sistemáticas para a massificação do ténis.
- Quando se faz referência ao Plano de Fomento, concordo que os Planos de Formação Técnica e Projectos fornecidos aos técnicos também possam ser relevantes (mas são-no para os grandes clubes com várias dezenas de alunos), e então de que servem estes planos e projectos para os clubes com poucos alunos/atletas que se debatem com grandes problemas para divulgar a modalidade, inclusive sem infra-estruturas
com condições necessárias à realização de eventos de carácter oficial obrigando os nossos atletas a um percurso competitivo eternamente itenerário.
- Será que a F.P.T. e as Associações fazem o suficiente para indagar, avaliar e colaborar com esses clubes na resolução dos seus problemas?
- Será que alguma vez ou recentemente a F.P.T. lançou um questionário nacional para aferir junto dos clubes as necessidades e obstáculos com que se debatem?
- E o que é o Plano de Fomento e Desenvolvimento?
- Será que alguém me pode enviar um exemplar desse Plano?
- Sobre a Campanha Nacional, gostava de saber onde ou como funciona e se abrange pelo menos todos os concelhos com clubes filiados na F.P.T..
- Quanto ao Ténis de Rua também serve de divulgação da modalidade, mas as 7000 crianças é apenas a população escolar de cada um dos maiores concelhos nacionais, portanto é muito pouco para uma modalidade que vive na esperança de que apareça o tal ?atleta de excepção? e pretende a massificação respectiva de forma a promover a quantidade e consequentemente a qualidade.
- Como é que o ténis entra na escola primária?
- Gostava que me ajudassem a fazê-lo no meu concelho.
- O Atestado Médico, sobre esta questão posso falar com conhecimento de causa, lembro que o mesmo é obrigatório por lei (Dec. Lei 385/99 de 28/9/99) e obviamente que é impeditivo quanto à prática e ao aumento do número de praticantes, caso seja aplicado de acordo com o estipulado em todos os artigos ali consignados. Esta lei, com cujo objectivo concordo, além de discriminatória(nas maratonas, corridas de rua e travessias de natação não é obrigatória a apresentação do referido atestado) carece de fiscalização prejudicando financeiramente as entidades que a respeitam.
Outra lacuna que me parece existir nesta lei, é o facto de o estado paralelamente à sua implementação não haver criado condições (Centros de Medicina Regionais) onde todos os desportistas beneficiassem de acesso fácil e rápido a exames eficazes em vez de obterem virtuais e dispendiosos ?atestados médicos? de duvidosa avaliação médica. Recordo, que para um jovem de menor idade, (cujo clube não suporte as despesas com o médico) obter um exame credível (RX, Electrocardiograma e Análises) o pai/mãe tem de faltar ao trabalho dois ou três dias, o que presentemente representa um forte prejuízo financeiro.
Lamento se de alguma forma e por desconhecimento de factos fui indelicado ou inconveniente, contudo move-me a paixão pelo ténis e é apenas minha intenção com estas questões dar o meu simples contributo ao desenvolvimento da modalidade.
( O Técnico do C.E.T. Sesimbra)
João P. Aldeia
P.S. Este texto é o conteúdo de uma carta registada enviada com aviso de recepção ao Presidente da F.P.T. em 30/5/06, e não teve resposta até à presente data ( 10/01/07).
TEMOS UMA FEDERAÇÃO PARA TODOS OU APENAS PARA OS TALENTOS?
2007-01-11 11:01:00
Várias vezes e em diversos locais, imprensa, assembleias, encontros etc., tem sido colocada a seguinte questão:
- O que se poderá/deverá fazer para melhorar o ténis em Portugal?
Contudo é lamentável que de forma generalizada imediatamente se faça a seguinte dedução:
- Como poderemos ter um português no top 100?
- Será que isso significa melhorar o ténis em Portugal na verdadeira assepção da palavra?
Com semelhante raciocínio, entendo que teremos um jogador e apenas um no top 100 talvez de 50 em 50 anos!
Afinal,quando se coloca aquela questão,que ?Ténis? se pretende melhorar?
- Será aumentar a quantidade de praticantes?
- Será aumentar a quantidade de jogadores de competição?
- Será aumentar/melhorar o nível de jogo dos nossos profissionais?
- Será aumentar o conhecimento dos treinadores?
- Será dotar o país das condições que a Michelle e outros procuram no estrangeiro?
- Será aumentar a quantidade de infra-estruturas?
- Será aumentar a qualidade de infra-estruturas?
- Será aumentar a funcionalidade dos clubes?
- Será aumentar a competência da Federação e das Associações?
Quem governa a modalidade não tem apenas de coordenar torneios, campeonatos e talentos, tem de alargar competências e fazer algo mais!
Veja-se o futebol que por uma competição internacional recebeu vários estádios. O Ténis organizou o Masters, anualmente o Estoril Open e lá temos de andar sempre a montar andaimes e bancadas! E depois dizem: Ah, mais isto e mais aquilo e isso é do João Lagos não é da Federação. Por isso mesmo! Não sejam invejosos e ao menos colaborem!
Pontualmente também ao longo dos anos vamos ouvindo falar de vários planos e projectos que proliferam através dos diversos elencos federativos. Neste momento, de forma a poder participar, gostava de conhecer o plano/projecto que a federação tem para a divulgação e massificação da modalidade. Gostava também de saber como a federação intervém na introdução do ténis nas escolas. Gostava de saber que actividades são dinamizadas para estimular e atrair os jovens para a prática do ténis. Gostava de saber se alguém desta vez me vai responder ou esclarecer?
Face a tantas interrogações, na minha simples opinião ( sim, eu sei que é mais uma ) é necessário fazer uma ?radiografia? do ténis nacional e elaborar um programa de desenvolvimento e apoio em todas as áreas em simultâneo e adaptadas à realidade de cada região/associação.